terça-feira, 29 de setembro de 2009

A VOZ ROUCA DOS PENSAMENTOS

Ao me deparar com o senhor das discussões acaloradas
eu me calei.
Por que ainda não estou pronto
para admitir que me dissipei.

É por isso que não troco um dia de PAZ
por trinta em SPA...
Por que aprendi a identificar
a diferença entre um bom caráter
e um bom cateter...

Boas idéias não devem ser colocadas à venda...

E tanto quanto conceitos preconcebidos afastam pessoas,
obras caras de arte não são automaticamente boas...

Sofás feios até podem ser confortáveis!
Pessoas não tão bem aparentadas,
podem ser as mais confiáveis!

O que eu não tenho
eu não deixo interferir no meu sorriso...

Compro e vendo o que tenho,
dou e tomo emprestado;
e meu universo encolhe ou espalha,
esteja eu calmo ou transtornado.

E é por isso que às vezes ouço
mas não gosto do som dos meus pensamentos;
pois as bocas e caras que mostro pro mundo
se justificam pelas linhas e as marcas do tempo
que eu demonstro!

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

O OURO DO SOL DE AMANDA

Quando o sol beija o pescoço frio das nuvens

é a paisagem inteira que muda e em seguida arrepia...


Quem aguça os sentidos enxerga tudo colorido

e os pensamentos deixam de pensar para escrever poesia!


É um raro dourado de um ouro mais caro que o de verdade...

Uma beleza que assombra, tamanha é a expressividade.


Então os raios de sol na metade de cima de nossos corpos

não sabem da sensação gostosa morna que desce por nossas pernas...


É um mar de ouro que enriquece a paisagem...

Um sal de água tênue que desintoxica...

É uma imaginação que descobre ter asas...

num céu que se abre para tudo o que excita...


É um ar que torna mais fácil o ato de respirar...

Um horizonte vasto que aproxima...

Uma espuma dourada de onda que beija a areia

como só beijam os apaixonados...


E então as árvores vão ficando mais escuras

nos quinze minutos finais do dia!

Novos tons de verde que são inventados a cada segundo...

Como se o mundo coubesse em quinhentos,

trezentos, cem metros de praia e, depois,

só em nossos peitos quando a escuridão da noite chega

e nos envolve...


Os pontos de ouro polvilhando o fim de tarde são substituídos

e o momento mágico é eternizado na fotografia...


Então nos esperam os lençóis de linho engomado da pousada,

para uma noite de amor a mais... E muito mais poesia!


[ Foto: Amanda Fonseca - Recebi essa foto da Amanda e a primeira coisa que fiz foi ficar analisando. Fiquei reparando, observando atentamente os detalhes. Rabisquei umas coisas que não ficaram tão a altura da força dessa imagem e aí me deparei com um desafio enorme. Como ainda colocar palavras numa imagem que por si só já falava tudo? Fui dormir. Voltei uns dias depois às anotações. Amassei papel. Amassei mais papel. Até que escrevi esses versos acima. Continuo com a sensação de que as palavras ficam supérfluas diante da força da imagem. E não sei por que me passa pela cabeça uma coisa me dizendo que eu ainda vou olhar muitas vezes essa foto e que ainda vou conseguir escrever algo melhor e mais inspirado. Mas mesmo assim apresento aqui os versos que dedico à fotógrafa. Talvez sejam uma primeira versão. É realmente como eu disse no poema: Esse entardecer nessa praia é um verdadeiro "momento mágico que foi eternizado na fotografia. O OURO DO SOL DE AMANDA! ]

terça-feira, 1 de setembro de 2009

GOLES DE LAURA HARTWIG E LAURA PAUSINI

Conheço as angústias
e me sinto tão perplexo ao lado delas,
que às vezes sou eu
mas queria era mesmo ser outro...


Por que o entusiasmo em segundos
pode ficar tão pulverizado
que nem o mais hábil montador de quebra-cabeças
pode achar uma saída...

Me resta escrever poesia crua
em agendas do ano passado
em que o ontem ultrapassa o hoje...

E quando me sai a tal poesia
me incomoda muito a falta de contexto...
Por que as frases são de pouca serventia
quando só as paredes escutam...

Então fica tudo tão estranho
como um beijo apaixonado
com os olhos bem abertos.

Tudo tão sem graça
como goles de Laura Hartwig
num copo de cafezinho.

E é assim que as idéias exuberantes
voltam para as planícies da mesmice.
E das três possibilidades
pode acontecer uma ou todas;
- eu sucumbir a chatice;
- eu doer de idiotice, ou eu...
- desaparecer de esquisitice...

E assim, o único jeito de esquecer a angústia
é tentar não pensar tanto em mim mesmo!

Ou rir enquanto me olham...
E depois chorar quando estou sozinho!

( Foto Paula Barros )