na terra do mundo prático de Oz
todo homem só
volta ao pó
quase instantaneamente
por que na foz
de todas as lágrimas
todas as páginas
choram espontaneamente
e quem você gosta
desaparece de repente
e você sabe,
embora não aceite,
na terra do mundo prático de Oz
todo homem só
volta ao pó
quase instantaneamente
por que na foz
de todas as lágrimas
todas as páginas
choram espontaneamente
e quem você gosta
desaparece de repente
e você sabe,
embora não aceite,
Por um tempo
eu fui irritantemente OBSEQUIOSO;
depois, e bem aos poucos,
me tornei irrefletidamente OBSESSIVO...
Rapidamente,
quase instintivamente,
eu fui dormir um dia assim
e acordei OBCECADO...
Bem feito pra mim!
Que fui OBRIGADO a andar mais calmamente
pra disfarçar o fato de ter me tornado OBSOLETO...
E aproveitando que num segundo
todos os OBJETOS são ÓTIMOS
e já no segundo seguinte
as OBVIEDADES e todos os OBSTANTES
não são bons o bastante;
vou tentar ser menos OSTENTOSO
e admitir que minha falta de chão é OSTENSIVA!
Que a falta de chão é o verdadeiro OBSTÁCULO!
[ Aguardem "O POEMA DE OZ" na próxima postagem. ]
HAIKAIS
DO JARDIM
A flor no jardim
tem cores e contornos
que lembram você.
DO RENASCIMENTO
Azuis ou verdes
meus olhos te enxergam
e ressuscitam.
DO BEIJO
Depois do beijo
coração que andava
passou a correr.
DA CHANTAGEM
Te dou um haikai
mas quero um abraço;
um não, quero mais.
DO PÔR-DO-SOL
Tranquilamente
o fim de tarde lindo
fez o dia sumir.
DO TORMENTO
A paz é a lua
e minha falta de paz
- o universo.
DO PESADELO
Fui dormir cedo
acordei às três horas.
- pesadelo ruim!
DA SOLIDÃO
Sentir solidão
é tão, mas tão ruim
que chega doer!
DO CAFÉ COM JORNAL
Café com leite
pão nove grãos e suco
- olhos no jornal!
DO JORNAL NO CADERNO DE ESPORTES
Bateu na trave!
Uhhhh! Monossilábico
- estádio chorou!
O Inter ganhou
podia ter empatado
- ficou bom assim.
O Grêmio perdeu
podia ter empatado
- gostei mais assim.
DO CELULAR
Tocou celular!
Musica idiota!
- Maldito chefe!
DO HAIKAI
Peguei o jeito
os haikais são perfeitos
pra definições.
( Esse post é dedicado ao meu amigo Élcio, do blog "Verseiro". Se não fosse por ele eu não teria escrito esses "Haikais". Também não teria vencido algumas barreiras e, enfim, aquele longo poema do dia 19 de novembro de 2009 sobre meu pai, não teria nascido. Também sem o seu convite eu não teria me descontraído o bastante a ponto de "atinar" aquelas coisas da blogagem coletiva do 1º de abril de 2010; a minha primeira, e até agora única, blogagem coletiva de que participei. Tudo culpa do Élcio.
Então, ele me apareceu com mais essa. Sugeriu que eu escrevesse uns "Haikais". E aí eu tive que ir atrás para saber do que se tratava. A primeira coisa de que me lembrei é que esse nome tinha todo jeito de nome de drink. Mas eu pesquisei e descobri que ia dar o maior fora se insistisse com essa história de drink. E pronto, vi do que se tratava, achei a bilheteria, paguei uma entrada, e entrei de vez no universo dos certeiros, suaves e concisos "Haikais" de três linhas e 17 sílabas; distribuídas na forma de 5, 7 e 5 sílabas respectivamente em cada linha.
Escrever esses "haikais" foi um exercício e tanto. Saíram esses primeiros que estou publicando agora. E podem imaginar, à medida que ia escrevendo era um tal de contar nos dedos as sílabas para encaixar os versos no esquema 5-7-5. Estranho e viciante. Me senti um verdadeiro japonês sentado no chão em cima das próprias pernas.
Dizem que as primeiras poesias são meio ingênuas. Depois vamos apurando o estilo e elas encorpam. Posso dizer o mesmo desses "Haikais" aí em cima. Os meus primeiros "Haikais". Um tanto simples. Outro tanto ingênuos, sim. Mas os primeiros. Bebês "Haikais" que ainda dependem do meu colo, mas que com o tempo, terão sua adolescência e fase adulta e andarão pelas próprias pernas. Tomara! )
Escrevo para que as pessoas leiam e imaginem...
[ Daniel Hiver ]
A poesia
não é para ser lida;
é para ser "sentida".
[ Daniel Hiver ]
POEMA-GADGET
Este é o contador do blog
onde o poeta conta
leitores que o amam
ou que o ignoram.
"POEMA-GADGET" veio parar aqui na barra lateral à esquerda dos textos principais do meu blog, por que numa cinzenta e chuvosa manhã de inverno o "poema-orelha" do Drumonnd entrou por meus olhos e me seduziu. Esta é a orelha do livro / por onde o poeta escuta / se dele falam mal / ou se o amam.
( POEMA-ORELHA - Carlos Drumonnd de Andrade, publicado na orelha do livro "A vida Passada a Limpo" de 1959 ).