terça-feira, 22 de dezembro de 2009
TÃO LONGE QUANTO O "A" É DO "Z"
é quando estou nos alpes
e ao mesmo tempo nos andes...
Sempre atrasado
um minuto
ou adiantado
uma vida...
Pacífica
e Atlântica
camisa aberta
molhada de suor
e lágrima...
Eu velejando sem vento
no meio do Mar Morto...
Tolo..
Ridículo...
E assustudo!
Sou teu
de um jeito
como nunca fui nem de mim!
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
GATINHO DE RUA
Gatinho sem mãe no meio da rua
não sabe o risco que corre...
No meio da via assustado
ou volta, ou morre...
Não era para estar na rua assim.
Devia era estar cravando as unhas de agulha
num novelo de lã pingouin...
Mas perdido-jogado-fora
agora é só ele, os motoristas apressados
e os pneus radiais...
Tudo encurta
ou fica por um triz,
e o perigo aumenta ainda mais...
O primeiro carro dá uma guinada e passa;
vem logo um segundo e desvia.
O gatinho indefeso indefine-se,
não sabe se arrepia ou mia...
Um outro carro passa tirando um fininho...
Horroriza a moça do quarto carro
que adora gatinhos!
O carro pára bruscamente e ela desce.
A rua, as casas e os outros carros
não entendem seu gesto,
mas acham bonito...
Ela salva o gatinho!
Pratica a primeira boa ação do dia!
Ela sente em seu colo
um coração felino
que quase sai pela boca de arritmia...
E a buzina no trânsito naquela fração de segundo
é pura impaciência...
Mas o que se devia era prestar reverência
Ao raro amor a vida que a moça espalha pela manhã
com grandiloqüência!
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
PENSAMENTOS
De onde essas idéias que eu tento mas não refreio?
Que de manhã, quando acordo, lembram teu rosto
e de noite, quando durmo, sonham todo tempo contigo.
De onde vêm essas palavras todas?
Que nascem para ser ditas
mas que por enquanto se limitam as formas escritas.
Que quando eu escrevo saem de mim
e são tantas, que vão daqui até o fim do fim.
De onde vêm esses pensamentos?
Que quando vou tirar algo do bolso o que sai é o teu sorriso...
Que quando abro gavetas só o que acho é o teu sorriso...
De onde vêm esse jeito de pensar em ti
com tanta insistência?
De onde vem essa quantidade de pensamentos
sem tua completa anuência?
São tantos pensamentos como as gotas de chuva...
Tantos como as partículas de pó na estrada de terra...
São tantos, mas tantos...
Que vou mudar a marcha e a minha mão erra...
E quando paro no sinal vermelho
incrivelmente espero que o teu sorriso acenda no lugar do verde...
Então quando vou em frente
os trigais no embalo da melodia do vento
me lembram teu jeito de ajeitar o cabelo...
E você aqui comigo de um jeito que nem sabe!
E meus pensamentos em ti
Insistentes...
Intrigantes...
Instigantes...
Não só de agora
mas desde muito antes!