quinta-feira, 30 de abril de 2009

PRIMEIRO DE MAIO

Apesar de ser quinta;

hoje é sexta...

 

Não é "como se fosse".

É de verdade.

É "simplesmente"!

 

Por que sexta é feriado

e todo feriado prolongado

tem seu outro lado:

- tornar o que já é ruim, pior...

 

Por que ruim é voltar na segunda

depois de um domingo e de um sábado;

muito pior é ter que voltar na segunda

- depois de um feriado...

 

( Amanhã é feriado. Primeiro de maio. É dia internacional do trabalho. E hoje de manhã quando estava a caminho de mais um dia de trabalho eu me lembrei que amanhã eu não vou precisar trabalhar. Eu e quase todo mundo que adora não trabalhar no dia do trabalho. Seríamos capazes de legislar semanas que começassem na terça e acabassem na quinta como em Brasília. Mas como a semana curta é privilégio de poucos, nos contentamos com um feriadinho aqui, outro ali.

Feriado é tão bom! Às vezes tenho a sensação que são em muito menor número do que o necessário! Devia haver um jeito de aumentar, até multiplicar, a sensação gostosa que se tem todo final de tarde de véspera de feriado. Não o feriadinho de quarta; o feriado com menor identidade que existe.

Os feriados melhores são aqueles que caem na terça e na quinta. Mas os que caem na segunda e na sexta, são "infinitesimamente" melhores que os que caem numa quarta-feira. Mas perdem para os que coincidem com a terça ou a quinta-feira. Por que, para esses, sempre existe a possibilidade que se transformem em longos e belos feriadões. Se bem que, dependendo do patrão, do chefe, do dono, do tamanho da empresa, da época do ano, esses que caem na terça e na quinta às vezes são impedidos de se encontrar com o sábado, ou o senhor domingo. Dependendo, eles perdem um pouco da força e da graça. Os feriados de quarta é que aí morrem de dar risada.

Os feriados de segunda e de sexta-feira são meio autosuficientes. São garantidos. Se bem que muita gente trabalha no sábado. Tem gente que trabalha até no domingo. Até em feriado!

Então, tudo é meio relativo. E fica a idéia de que há diversos tipos de trabalho.  Diversos tipos de pessoas que trabalham. Diversos tipos de feriado. E fica também essa coisa que se repete sempre. De que é preciso trabalhar nos dias de trabalho, no trabalho. E nos dias de folga, finais de semana e feriados, em casa.

Mas o mais certo de todas as certezas é que a volta do feriado; a manhã seguinte não tem nada do "glamour" do final de tarde da véspera do feriado. A volta ao trabalho é que é esquisita. Por que dá um trabalho enorme voltar ao trabalho! E, pior do que voltar numa segunda-feira típica é voltar ao trabalho depois de um feriado! )

terça-feira, 28 de abril de 2009

BIPS E TOQUES

Pessoas complicadas cheias de função

precisam de celulares complicados cheios de funções...

 

Enquanto suas biografias caberiam num livro de 80 páginas;

o manual de seus celulares já sai de fábrica com 170.

 

Tudo muito igual!

O manual cansativo e o livro vazio de suas vidas.

- Nenhum dos dois foi feito pra ser lido na íntegra!

 

Por que o dono do aparelhinho

É tão pequeno, e tão cheio de menus e de submenus

Que se perde e não pode mais ser achado!

CONFUSÃO

Para não dizer que não gostei do filme. A luz. A fotografia. Jogo de atrizes e atores. Para não admitir que vivi de favores. Pouca grana. Abstinência de coisas que até não precisavam ser evitadas. Para não parar no tempo e descobrir que os sonhos foram adiados. Para não obstaculizar o que precisava fluir livre e solto. E leve e atônito. E lacônico e ácido. Ausência de medo normal e irritante. A velocidade com que avança o tempo. O tédio e o carinho pela metade. A mão que nunca chega no ponto. O texto inacabado que nunca encontra seu ponto... final. A natação. A matação. A datação. A ação e a reação. O impacto da inanição. Os dublinenses sob uma lente escrutinadora "jamesjoyciana". O programa de carros seguido do de esportes. O jornal atirado no jardim. Dentro do saco de plástico. Bem seco. Tudo na volta encharcado. Eu aqui dentro fora de mim. Vodka ou cachaça.  Ou um chá bem quente na xícara. Ou um porre dos grandes toda vez que me escondo na chácara. A nova espécie de vírus. Novos polens. Os poros obstruídos. O remédio caro. O sorriso raro. Eu aqui desse lado; tudo cinza... E todo restante do outro lado do muro; branco e preto e, absurdamente, colorido! Vou te dizer. Vou ficar calado. Vou para o centro do palco ou vou passar a tarde prostrado. Enigmático. Reumático. Praticamente prático ou totalmente apático.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

CURVAS


Pensamento masculino:
- curvas viradas "deliciosamente" para baixo...
Pensamento feminino:
- curvas viradas "delicadamente" para cima...

E, entre essas curvas,
milhares de pensamentos e possibilidades!

quarta-feira, 22 de abril de 2009

PATERNIDADE

Eu não quero estar ocupado demais para amar um filho

e nem dizer para ele que ser o segundo é o mesmo que ser o último...

Por que não quero que ele se mova num mundo isolado de sonhos

e não quero que ele pense que a vida é um tolo "mate ou morra."

 

Por que é preciso estabelecer limites razoáveis

e andar sem precisar pisar nas outras pessoas...

Por que não deve ser só aos empurrões e aos gritos

para se conseguir as coisas...

 

Por que nem eu sou o centro de tudo

e nem quero dizer que os filhos dos outros estão errados

só para depois dizer que só o meu é que é o certo...

 

Por que não quero criar um filho para que depois todos se afastem dele...

 

Por que muito melhor do que gostarem de como eu me saí como pai

é gostarem do que se tornou o meu menino!

segunda-feira, 20 de abril de 2009

NOVE HORAS

Há temores...

- Rumores que ganham as ruas

e até dobram a esquina.

 

A notícia não é das melhores!

Estampa a capa de um jornal sem nenhuma tiragem

em que sou ao mesmo tempo o editor chefe

e o leitor solitário.

 

Não fosse eu que estivesse aqui

e te diria que sou eu sim;

mas mais parecido com um daqueles caras frios

cheio de maneirismos e na defensiva...

 

Vou fulminando quem me encara

só com o olhar perdido,

a voz arrastada,

e um peso enorme nos ombros

impedindo o raciocínio...

 

Uns vinte minutos de sono

e meus pulmões não gritariam tontos por oxigênio!

Meus olhos não se desesperariam tanto sem te ver!

 

Ouço carícias que o vento sopra nos meus ouvidos...

Como se alguém me chamasse

com uma voz diferente da tua.

 

E diminuo o alarido

que os riscos que eu mesmo corro me provocam...

 

Não sei se estou no sal ou no escuro;

ou se chegou, enfim, a hora de descer do muro.

 

Uma manhã morna pelas correntezas

de um rio que corre pelas nove horas;

e eu desacompanhado por algum calçadão...

No auge do inverno... quase congelado;

mas com a cabeça quente...

 

Um clique

e uma foto desfocada

daquelas que vão dormir na lixeira...

E lá se foi a única coisa que eu tinha para te lembrar!

 

E sou capaz de te chorar

com uma completa ausência de água potável

em minhas lágrimas...

 

E uma absoluta falta de tempero

em minhas palavras...

 

Uma monotonia exposta

e uma vontade que não tem força

de sair de onde estou...

Mas vou ficando...

quarta-feira, 15 de abril de 2009

DESINTERESSE

Eu dobrei a esquina e havia pérolas esparramadas

de um colar que se partiu...

 

Então as portas de ferro do endereço de sempre

não deram as caras para o lindo dia de sol...

 

Uma beira de sombra

e um cheiro de quase nada...

 

Cabelos desarrumados,

pensamentos recorrentes

e os braços quase se desprendendo dos ombros...

 

Cinco minutos e uma sensação de muito mais tempo...

Uma forma de atentado

sem a identificação do culpado!

 

Sons de motores que ficaram do lado de fora...

E músicas de celulares se misturando...

 

Passei pelo elevador sem ver...

E não vi ninguém para rosnar bom dia

embora todos estivessem em suas cadeiras.

 

Depois que eu passei a porta de vidro

e fui ao computador que tinha dormido ligado...

Deixei que o cheiro de café

aplacasse a natural vontade de entender o que houve...

 

Papéis na bandeja da multifuncional

com termos de contratos com mil cláusulas

em que nem assim eu me entendo;

desse óbvio desinteresse

e uma vontade de fechar os olhos e dormir um dia inteiro;

e me misturar com a terra

ou sumir no mais sombrio dos becos.