sexta-feira, 27 de maio de 2011

RETICÊNCIA E LINEARIDADE

Posso falar
até o que não posso;
e quando tento
contextualizar
as frases soam
despressurizadas...

Sou produto
de pane elétrica
generalizada...

Resultado
de interna atividade
sísmica...

Não sei nem me mover
sobre minhas óbvias
placas tectônicas;
e só sei
que estão todas
desarrumadas
e atônitas!

Ao mesmo tempo
sou todos e ninguém...

Sou a imagem desfocada
do circuito interno
da estação de trem...

E "per capita"
ultrapasso todos os PIBs
do que não se pode medir
com pilhas de dinheiro...

Sou parte do círculo
de amigos dos poetas
que escrevem sob codinome...

Sou o branco
do círculo polar antártico
que dói nos olhos;
e o cinza ameno
que aparece quando roda
o círculo cromático...

Sou insistentemente
e desistente
o que deveria ser
eu somente...

E escrevo versos
com olhar reticente...

Por que em mim
todas as coisas que acabam,
continuam...

[ http://twitter.com/hiverdaniel ]
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sábado, 14 de maio de 2011

ESQUISITICE

Há os que se perdem na tolice.
Os que nem se incomodam com a sem-vergonhice.
Há os que se deixam enganar pela charlatanice
e os que nos enchem com a sua babaquice.

Há os que podiam mudar, mas preferem a mesmice.
E os que por fora aparentam estar limpos,
mas que, por dentro, estão cheios de imundície.

Há os que fingem estar voando enquanto rastejam na planície.
E os que se prepararam para a volta olímpica
mas que acabam sempre com o troféu do vice...

Há os que fazem qualquer coisa interessante
se transformar em grande chatice.
E os que não assumem nem a própria calvície...

Há os que na velhice repetem os mesmos erros da meninice.
E os que se perdem no "diz-que-me-disse".
Não sabem a diferença entre sandice e crendice.

Os que num arroubo de maluquice
confundem singela faceirice
com absurda e atabalhoada fanfarronice.

E, infelizmente, os que em sua tamanha cretinice
só abrem a boca para dizer idiotice...

quarta-feira, 4 de maio de 2011

TEMPO DE INQUIETAÇÃO E SILÊNCIO

As marcas da passagem do tempo
alugaram meu rosto...
E só ficou o riso na fotografia
em tempos de desgosto...

Eu apagando imagens
do meu circuito interno;
cheio de tudo que machuca
e reduzido a quase nada...

Preso em emaranhado
de espinhos,
estragos, estradas...

As horas passando
em completo silêncio
e eu pintando o autorretrato
com tintas vencidas!

Agora sou misto
de aflição e medo;
euforia e delírio;
irritação e pouco equilíbrio...

E minhas letras
que podiam ser melhores
se perdem em confusas
tergiversações...

Por que inquietação
é pior que doença.
E falta de ter o que dizer
é pior do que sair fora de si
e se perder...

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