quinta-feira, 18 de julho de 2013

NAS LINHAS SEM CORDAS DE MIM


As cordas que não me seguram são de entrelinhas;
que talhadas pelo tempo ganham ou perdem rimas...
 
Meus versos são agora emaranhados vagos
perdidos como linhas numa emoção em retalhos...
 
O que sou soa fragmentado e grave;
flui do íntimo sem amarras ou enclave...
 
E a visão que tenho de mim é a de um cego tateando Braile,
tentando decifrar os enigmas de uma vida que me expele...
 
E quanto mais eu busco achar o que penso;
mais eu penso em não achar o que busco...
 
Percepção rara de que nem tudo é mais o que almejo;
dúvida certa de que nada é melhor que um beijo,
que una os lábios sedentos de tanto desejo...
 
Que percorra a alma ardente de uma espécie de fôlego sem ar,
quando o resto de tudo é pequeno demais para tentar desatar
as cordas de entrelinhas que ousam me revelar...
 
[ Daniel Hiver & Tatiana Moreira ]

[ Nos dias 17 e 18 de julho de 2013, eu e a Tati escrevemos essa poesia em parceria e perfeita sintonia. Desde a escolha do título até a sequência livre de versos que foram se intercalando da forma mais espontânea possível. A poesia fala sobre a realidade de nos sentirmos por vezes perdidos de nós mesmos; bem naquelas horas em que estamos repletos de entrelinhas e vazios de explicações. Aí para desatar o nó é quase tão complicado quanto tentar ler Braile sem ser cego. A postagem é simultânea em ambos os blogs e a seguir eu coloco o link para que vocês conheçam o belíssimo "Simplesmente Amor", um lugar para se visitar e permanecer!
http://plantandoamor.blogspot.com.br/2013/07/nas-linhas-sem-cordas-de-mim.html ]

terça-feira, 11 de junho de 2013

M&M's, VAMPIROS E SILICONE







Há um falso sentimento
de euforia e segurança...
Um deserto e um oceano
de probabilidades e crimes
que permeia tudo... 

Matam e vivem pelo dinheiro;
amam e desprezam! Por vezes odeiam! 

Se a rede “Wi-Fi” está lenta
a felicidade rapidamente desaparece! 

Longe do ponto de “Wireless”
só há impaciência,
pensamentos confusos
e palavras rudes... 

Criam senhas complicadas
por que é mais seguro! 

E babás eficientes que ganham pouco
“criam” seus filhos... 

Então tudo se resume
a correria desenfreada,
noites insones, estresse
e videoconferências! 

E a vida segue de jatinho
ou dentro de uma “caminhonetona”... 

E a vida estagna cheia de tédio
futilidade e livros de autoajuda... 

Há silicone subcutâneo...
Filmes e séries de vampiro por tudo... 

E os dois caras se beijando na calçada
adoram M&M’s e eventos de MMA.  

Incomodando os ouvidos
uma droga de música
que gruda como chiclete...
- Uma coreografia estúpida
ofuscando os melhores gols! 

E nesses lugares em que se come
alguma coisa ruim e cara,
de um lado da mesa
há um amigo anônimo conversando com o “Tablet”
e do outro só mais um solitário
e seu “Smartphone”... 

Ambos não conversam
mas adoram “twittar”
e bisbilhotar a vida dos outros no Facebook... 

Na calçada passa um idiota
quase perdendo as calças...
Dá para ver a cueca quase a meia bunda!

Ele usa boné para trás e “se acha”.
Tem um cérebro de ervilha
entre os maiores fones de ouvido do mundo...

Daniel Hiver

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segunda-feira, 29 de abril de 2013

PRONTO



Estou pronto para o voo solitário
e me escondo de mim!
Agora nenhum tipo de liberdade me atrai
e fico refém dessas experiências sem fim
que assustam e são inevitáveis...  

Estou pronto para não sentir alegria na dor
por que tudo é invariavelmente
um tolo disfarce pra dor... 

Estou acostumado a ausência de amor
de desistir de ter calma e paciência
quando algo fica totalmente fora de controle... 

Ultimamente eu tenho pensado
que não estou pronto para mim
por que até quando estou comigo estou só... 

Erro a conta da minha matemática mais simples
a de dividir sonhos impossíveis
em milhões de maus pedaços coloridos... 

Deixo de ter cuidado com o que penso
e me entrego aos mesmos pensamentos inquietantes... 

Diria que estou pronto para tudo
que tenha a ver com deixar de ser eu mesmo...

Será que alguém pode ouvir quando grito sem voz?
Será que alguém compreende por que não estou aqui? 

Se eu me der uma chance
talvez eu consiga não sofrer
de tanto pensar com o coração... 

Talvez eu deixe de ser tão dramático
e consiga ser um pouco gentil comigo mesmo... 

Eu estou pronto para ficar em completo silêncio!
E farei o melhor que puder
para levar em minhas mãos
os balões brancos da paz
que preciso fazer comigo mesmo... 

Quero subir escadas de regras menos estranhas;
ensinar e aprender,
me dar o que tenho de melhor,
minha voz,
meus olhos, minha mente...

E entender que apenas o pouco necessário
sempre será o que é o suficiente...


Daniel Hiver

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sábado, 2 de março de 2013

CIDADE DE SANTO CRISTO

A vida é assim...
Encontros,
- desencontros! 
 
Acertos,
que se alternam com erros...
Pequenos erros
ou erros crassos...
A vida é assim...
Muitos tapas na cara,
e de vez em quando uns amassos!
 
Certezas e dúvidas...
Dias de água e comida caseira
Dias de vodka e fast food...

Vida!
Pressa e calmaria!
Preguiça e correria!
Um algo que tem que ser hoje;
que se não der,
pode ficar para outro dia...  

A vida é assim!
Ou assado!
Um eu tímido;
e um outro eu assanhado! 

Começo e fim
e tudo que há no meio.  

Boas lembranças
e saudade!
Vontade de abrir um buraco
e se enterrar... 

Qualquer pequena coisa
que faz rir!
- Ou chorar!
 
A vida é sair pela porta
e voltar com uma carta!

É Santo Cristo
ou Jacarta.

Daniel Hiver

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quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

ANFETAMINA

Eu vou pelas avenidas
que é para não correr o risco
de ter que parar em cada esquina... 

Por que gosto mais da vida sem “rebite”
e por que dá para chegar no destino
sem misturar álcool e anfetamina...

Daniel Hiver

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quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

DICOTOMIA

Sou feito de adversidade e festa.
Um abismo entre o beijo roubado
e a picada de inseto...
Minhas vontades dormem enquanto estou acordado...
E enquanto uns param eu vou reto...

Sou livro de páginas arrancadas.
Minha vida cabe num curta metragem...
Minhas vontades acordam quando estou dormindo.
E sonho céus limpos de beijo molhado; seca e estiagem...

Sou o dia nublado de ontem
e a noite de hoje iluminada...
Sou de um tempo que não existe...
Metade tudo, outra metade nada.
Previsível e indecifrável...
Às vezes cintilo... Às vezes lucilo...

Daniel Hiver

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