segunda-feira, 18 de julho de 2011

O OLHAR NO ESPELHO

O olhar que mais me assusta
é o meu no espelho...

Olhar estranho;
demasiado crítico!

Que sabe coisas a meu respeito
que nem eu sei...

Que balbucia coisas
que eu não entendo
e nem quero ouvir...

Olhar sem expressão
que me empurra de volta
pro meio do escuro...

Calado, paquidérmico e sonolento!

Por que quem disse
que preciso de sol
se escolhi o sal?

... da lágrima
... e do azar da insônia

... e mais uma falta desconcertante
de frases com um mínimo de conteúdo!

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quinta-feira, 7 de julho de 2011

A POESIA DO AUTOR SOB UM OLHAR LEITOR

Que tal eu ficar quieto hoje?
Nenhuma palavra!
Nenhuma sílaba!
Nem um fonema sequer!

Que tal eu ficar irrequieto?
Por um bom tempo
ficar sem escrever;
sem nem sequer rabiscar!

Por que a poesia
quando anda por dentro
não cansa;
mas quando esparramada
sobre o papel
pode ser enfadonha...

Escondida num caderno
ou publicada num livro
destrói conjecturas;
assina libelos...

Por que o que se escreve agora
algum aloprado
pode tentar "interpretar"
daqui a cem anos...

E sob o olhar crítico,
a verdade simples e despretensiosa
torna-se ambígua...

Por que a poesia,
não é para ser,
mas pode ficar "complexa"
sob o olhar de quem lê...
Embora não tenha nada de intrincada
no coração de quem escreve!

Por que a poesia
inventa palavras,
mas não sentimentos...

Come os "esses",
derruba a concordância,
desacorda até o acordo
... ortográfico!

Tem seu próprio peso,
altura, profundidade e dor...

E, assim, as obviedades
passam a ocupar
terrenos de profundas densidades
sob um olhar leitor! 

[ http://twitter.com/hiverdaniel ]
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