quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
TORRE DE PISA
sou polvilhado de ausências
país das maravilhas, Alices...
apontado culpado de todos
blefes, flertes, fetiches...
sou salpicado de ausências
mas a pior de todas
é a falta da minha própria presença
quando dou por mim
mais doído que doença
disparo a campainha
ou é o vizinho que sempre pede farinha
mas o que eu sei e ele não sabe
é que não estou em casa
nem para mim mesmo
sinal de que deveria
alugar meus sonhos
para todos os esquizofrênicos do mundo
por que às vezes me sinto nitroglicerina
o próprio estopim
a causa do naufrágio
e a falta de motivo pro motim
eu me amofino e sou amofinado
jogo baralho com Shakespeare
grito e ouço gritos
nos corredores de Auschvitz
coisas de louco
aviões e kamikases no Havaí
dentro do zunido...
do meu ouvido
sinal de que estou cansado
para a solitária valsa
de se dançar "Lento"
num lago que era azul
e que ficou escuro
por que sou queimado de inconsistência
cheio de precipitações e más influências
rodeado dos piores e mais altos muros
quando nem saindo para me divertir comigo mesmo
eu me sinto seguro
por que estou no chão estatelado
por um adeus que nem sequer foi dito
e que, em mim, por minha causa
só o que é estúpido parece ficar bonito
e volto a correr
por que quando tentei ser mais "Lento"
escorreu entre os dedos o que me suaviza
por que fiquei sem norte
e meus sentimentos tortos
em outros portos
eu quase caindo mais que Torre de Pisa
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
A CONSTATAÇÃO DE UM INÚTIL ESTADO DE CONTENTAMENTO
estou triste
decepcionado de um jeito
que só mesmo eu entendo
não há culpa e culpados
só eu mesmo que teimo em ganhar
mas nunca venço a dor
teimo em me livrar dessas algemas
feitas sob medida para os meus pulsos
essas algemas que às vezes esticam
mas que jamais se rompem
estou triste sim
de um jeito que quem me vê
desconfia que sou outro
consternado e triste
por que talvez no fundo
não sei viver de outro jeito
por que comigo as coisas boas
são borboletas coloridas
que sempre voltam para o casulo
e definitivamente
não nasci para sorrir por muito tempo
por que o sorriso não combina com meu rosto
sempre passa correndo e não pára
estou triste assim
por que até meu sorriso chora
e sempre tem medo
por que as vezes vou dormir
e amanheço entusiasmado
olho para mim e até gosto
mas já outro dia não durmo
e a falta de sono é de angústia
a falta de espaço me abraça
e sinto vergonha
respiro e sufoco
por que comigo
as coisas que me alegram num segundo
em poucas semanas
perdem o prazo de validade
minhas esperanças são voláteis
meus céus subterrâneos
meus sonhos encurtam o braço
e nunca alcançam
então onde havia uma chance
a tristeza volta
impiedosa, implacável
como se um mau agouro
tivesse ventosas
impossíveis de arrancar do corpo
estou triste e ponto
por que meus quinze minutos
foram só três, quatro ou cinco
depois pararam no tempo
e a hora não mais vai fechar
então o muro que parecia ter caído
voltou a crescer
e eu fiquei do outro lado
no escuro
em silêncio
fiquei no lado que dá para o pântano
os pés na areia movediça
ou uma espécie de lodo
e eu sem saber como sair
enterrado até o pescoço
e triste a mais não poder
decepcionado de um jeito
que só mesmo eu entendo
não há culpa e culpados
só eu mesmo que teimo em ganhar
mas nunca venço a dor
teimo em me livrar dessas algemas
feitas sob medida para os meus pulsos
essas algemas que às vezes esticam
mas que jamais se rompem
estou triste sim
de um jeito que quem me vê
desconfia que sou outro
consternado e triste
por que talvez no fundo
não sei viver de outro jeito
por que comigo as coisas boas
são borboletas coloridas
que sempre voltam para o casulo
e definitivamente
não nasci para sorrir por muito tempo
por que o sorriso não combina com meu rosto
sempre passa correndo e não pára
estou triste assim
por que até meu sorriso chora
e sempre tem medo
por que as vezes vou dormir
e amanheço entusiasmado
olho para mim e até gosto
mas já outro dia não durmo
e a falta de sono é de angústia
a falta de espaço me abraça
e sinto vergonha
respiro e sufoco
por que comigo
as coisas que me alegram num segundo
em poucas semanas
perdem o prazo de validade
minhas esperanças são voláteis
meus céus subterrâneos
meus sonhos encurtam o braço
e nunca alcançam
então onde havia uma chance
a tristeza volta
impiedosa, implacável
como se um mau agouro
tivesse ventosas
impossíveis de arrancar do corpo
estou triste e ponto
por que meus quinze minutos
foram só três, quatro ou cinco
depois pararam no tempo
e a hora não mais vai fechar
então o muro que parecia ter caído
voltou a crescer
e eu fiquei do outro lado
no escuro
em silêncio
fiquei no lado que dá para o pântano
os pés na areia movediça
ou uma espécie de lodo
e eu sem saber como sair
enterrado até o pescoço
e triste a mais não poder
terça-feira, 9 de fevereiro de 2010
VALES, ANOTAÇÕES E INCERTEZAS
o silêncio é ensurdecedor
o calor é suor
o meu silêncio ofende
penetra pela fenda do vale
e de que vale
olhar a vida
com certo ar metido de discernidor
se notar o que poucos notam
é aterrador
se notar a verdade
que interessa pouca gente
praticamente
não vale um vale-transporte
não vale um vale-refeição
um grampo, nem um vale-gás
no fim eu é que pago o vale
e tudo pra mim é caro
sempre rasgo a nota amarela de vinte
sempre anoto idéias num guardanapo
sempre gravo idéias no celular
e quando termino ninguém nota
o que eu ando anotando
sobra passagem de ida
para uma espécie de exílio
forçado
entro como fugitivo
ou bandido temido
ninguém mora ao lado
no fundo eu sei
que brincar de se calar
é ensurdecedor
por que o silêncio
às vezes
é blasfemador
ultrapassa os 40 graus
o calor abrasa
o grito esvazia
o gelo da imperfeição derrete
e a cegueira que me acomete
e me impede de tocar
é como o tato que se repete
e me impede de ver
eu ouço gostos
grito cheiros
e dentro da minha imprevisível
previsão do tempo
eu posso chover
o calor é suor
o meu silêncio ofende
penetra pela fenda do vale
e de que vale
olhar a vida
com certo ar metido de discernidor
se notar o que poucos notam
é aterrador
se notar a verdade
que interessa pouca gente
praticamente
não vale um vale-transporte
não vale um vale-refeição
um grampo, nem um vale-gás
no fim eu é que pago o vale
e tudo pra mim é caro
sempre rasgo a nota amarela de vinte
sempre anoto idéias num guardanapo
sempre gravo idéias no celular
e quando termino ninguém nota
o que eu ando anotando
sobra passagem de ida
para uma espécie de exílio
forçado
entro como fugitivo
ou bandido temido
ninguém mora ao lado
no fundo eu sei
que brincar de se calar
é ensurdecedor
por que o silêncio
às vezes
é blasfemador
ultrapassa os 40 graus
o calor abrasa
o grito esvazia
o gelo da imperfeição derrete
e a cegueira que me acomete
e me impede de tocar
é como o tato que se repete
e me impede de ver
eu ouço gostos
grito cheiros
e dentro da minha imprevisível
previsão do tempo
eu posso chover
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