sou estrada
com queda de barreira;
estante
cheia de poeira...
asfalto
com marca de borracha;
cheiro de papel novo...
estou aqui mostrando a cara
mas queria
ser um no meio do povo...
sou estrada
com queda de barreira;
estante
cheia de poeira...
asfalto
com marca de borracha;
cheiro de papel novo...
estou aqui mostrando a cara
mas queria
ser um no meio do povo...
a película fina
que separa o silêncio do grito
é de vidro
há um espelho embaçado
no vapor do banheiro
que mostra e esconde
a imensidão do nada
entre o que eu digo
e o que me cala
passa um rio de riso
outro de espanto
e o que eu tenho pra dizer
não sei se escrevo ou canto
se o que sinto é só meu
e combina com poesia
ou se é para sair alardeando
quase uma gritaria
por que esse rio de riso
chega sem fazer alarido
e o outro cheio de espanto
consegue dizer ou calar
o que eu não consigo
Escrevo para que as pessoas leiam e imaginem...
[ Daniel Hiver ]
A poesia
não é para ser lida;
é para ser "sentida".
[ Daniel Hiver ]
POEMA-GADGET
Este é o contador do blog
onde o poeta conta
leitores que o amam
ou que o ignoram.
"POEMA-GADGET" veio parar aqui na barra lateral à esquerda dos textos principais do meu blog, por que numa cinzenta e chuvosa manhã de inverno o "poema-orelha" do Drumonnd entrou por meus olhos e me seduziu. Esta é a orelha do livro / por onde o poeta escuta / se dele falam mal / ou se o amam.
( POEMA-ORELHA - Carlos Drumonnd de Andrade, publicado na orelha do livro "A vida Passada a Limpo" de 1959 ).