sexta-feira, 22 de outubro de 2010

BOCEJOS, TREJEITOS E NECESSIDADES

o olho do relógio
é a vida que passatempo
num calendário cego

não há lugar para interrogações
só ausência total de explicações

é tudo um grande bocejo
boca que se abre e fecha
um milhão de vezes

trejeito
as mandíbulas firmes
mascando enfadonhas
chicletes insípidos

o tempo
escoa como agua fria
e o viço que antes sobrava
agora é uma espécie 
de sombra impiedosa

passam segundos, minutos, horas

acordamos suados
com olheiras nos sonhos 
e a esquina nos puxando
para o meio da rua

"independendo" se faz sol ou lua

as possibilidades então
são paisagens diferentes

e as impossibilidades
matam e enterram nossas necessidades
grandemente improváveis!

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

CRIPTOGRAFADO

tenho tantos rabiscos...
mas tantos...
que se fosse aproximá-los...
daria um estranho quadro
de metro quadrado
de arte pré-durante-pós-moderna!

 

tenho tantas divagações

que me quebro

e nada me conserta...

 

tantas anotações estranhas nas margens

tantas vertigens e falta de imagens...

 

que eu seria um livro de suspense

suspenso sobre a sombra do nada...

 

escondido

para não dizer criptografado

eu sou assim:

além de decifrações!

assim:

aquém de interpretações

 

só esperando o amém

de quem nunca vem...

 

 

[ Esse poema teve origem nas reações que me percorreram ao ler o poema "Garatujas Polissêmicas" no blog Opuntia da Carla. "...nos RabISCOS reBUSCO os SENTIDOS..."

http://opuntia-cactus.blogspot.com/2010/10/garatujas-polissemicas.html ]