segunda-feira, 28 de março de 2011

O DOADOR E O POETA


Se você não estiver ocupado demais leia com atenção o breve texto que segue. Tive o cuidado de cronometrar e gastei um minuto e trinta segundos para fazer a leitura do inicio ao fim. Assim, a única coisa que peço a vocês é um minuto e meio de seu tempo. No final poderão ler o meu mais recente poema.

Como sabem, eu não costumo publicar aqui qualquer coisa que não seja poesia. Mas hoje, abrindo uma exceção, quero me solidarizar com a campanha de doação de medula óssea e, assim, contribuir de alguma forma para que mais pessoas tenham o desejo de participar, quer por tornarem-se doadores, quer como divulgadores dessa idéia. Eu tenho oitenta e poucos leitores regulares. Mas sei que alguns de vocês têm centenas de contatos. Assim, após a breve leitura desse post despretensioso, decidam primeiro se desejam ajudar de alguma forma e, segundo, de que maneira farão isso. Procurem levar em conta que um simples gesto dessa natureza, pode salvar vidas e aliviar muito sofrimento, pois é a chance de cura para quem tem leucemia!

Acho importante falar brevemente sobre os procedimentos relacionados com a doação de medula de pessoas saudáveis que tem entre 18 e 55 anos. A doação pode ser feita de duas maneiras:

1) Punção direta da medula. É realizada com agulha, na região da bacia. Retira-se a quantidade de material necessário e o doador não sente dor por que o procedimento é feito à base de anestesia.

2) Filtragem de células. O doador recebe um medicamento que estimula a proliferação das células mãe por cinco dias. Essas células migram então da medula para a corrente sanguínea. Daí são retiradas e filtradas. O processo de filtragem dura em média 4 horas.

Talvez o que, para o doador seja um transtorno passageiro, para o paciente pode significar a diferença entre permanecer vivo ou ter a sua vida abreviada.

Obrigado por ter chegado até aqui. Agora o poema:

O DOADOR E O POETA

quem doa
doa sem dor
e salva a vida de um...

quem escreve
descreve as próprias dores
para muita gente...

a diferença
é que o doador doa vida...
enquanto o poeta
doa suas dores...

[ Daniel Hiver – março de 2011 ]

sexta-feira, 18 de março de 2011

DESARMADURA E EXCENTRICIDADE

receio
que minhas colunas
estão todas
... avariadas

que tenho uma multidão
de vigas tortas
... me segurando

receio
que acima
de frágeis alicerces
tenho paredes e mais paredes
de papel ora em branco,
ora rabiscado!

é muito giz de cera
guache barato
onde devia ser acrílico
... muitas naturezas mortas
onde devia haver vida!

é muita agitação
e perplexidade
... palheta de cores esmaecidas
e excentricidade!

tempos de "desarmadura"
num lugar indefinido
... desabitado!

uma frase que nasce desconexa
entre os medos paralisantes
e as ousadias inquietantes!

e reajo diante de seus versos
como se estivesse mudo!

[ Poema dedicado a uma excepcional poetisa: Andrea de Godoy Neto, do blog
Olhar em versos e inversos . Andando por lá eu sempre "reajo diante de seus versos como se estivesse mudo. ]

quinta-feira, 10 de março de 2011

CARTAS DE AMOR E SEM NAIPE

O princípio
é o namorado da princesa...
E as cartas dele pra ela
estão todas postas na mesa...

O príncipe
é o sonho de toda princesa...
Mas a carta que falta
pra completar a canastra
ninguém descarta na mesa...