bom é o abraço que quando acontece nunca se sabe quem é um e quem é o outro
perfeito é o abraço que quando acontece nunca se sabe qual dos dois se é os braços se amarram os olhos se fecham e então, com a mesma delicadeza dos rostos que encostam, os corações abrasam e o mundo grande cabe todo em cima dos pés
[ Foto: Vertumne et Pomone, Camille Claudel – 1905 – Foto: Amanda Fonseca, numa de suas viagens a Europa, andando pelos jardins de Paris, num ano bem mais recente. A única coisa que me passou pela mente ao ver essa foto que a Amanda me mandou por e-mail, além de Camille Claudel na pele da Isabelle Adjani no filme francês de 1988, foi a essência do abraço. Esse é um abraço perfeito.]
mergulhado em tristeza sem fundo em inadequação do tamanho do mundo procuro estrelas e só acho pontos de luz difusa
o sorriso se apaga quando a luz das duas estrelas dos olhos se fecha parca retórica até bonita, quando feio é quem usa quero entrar noite adentro e sair ileso mas com todo esse peso a única brecha, mais veloz que flecha, se fecha...
soterrado por pensamentos estranhos espero segundos mais lentos que passo de tartaruga e como um paquiderme rengueando para se safar do perigo ostento a milésima fuga e falo muito sem nem entender o que eu digo
não sei se são esperanças ou esperas inúteis pego no sono com o cotovelo na mala e a mão no queixo
por dentro uma fala que insiste em gritar mas que não deixo
e ao meu lado andando serenamente aquele pedaço da noite de maior solidão em que até os bêbados e os que roubam carros já dormem
arrasto passos lentos mergulhado em tristeza vou como se estivesse cavando buracos no fundo de um imaginário poço
alguém me chama parece ser do outro lado da rua mas é a minha própria voz que eu ouço
e sei então que é hora de guardar o vazio e a solidão dentro um do outro e fazer como fazemos com as bolas de meia entre as roupas da mala
ou as meias, ou as roupas se acomodando ou simplesmente amassando
como amassados, por vezes ficam, os lisos papéis das escrituras de posse dos nossos sonhos adiados que vão se amontoando...
[ NOTA: Sentei e comecei a ler. Não era uma história qualquer, era a história de uma das meninas, da série "As Meninas" da Deia do blog Rumo à escrita.
Estava lá o título “A menina e a noite - da série as Meninas - 6" me convidando para uma boa leitura. Em determinado ponto, a imagem dos minutos que se amontoam enquanto vamos esperando me fez pensar nas noites inteiras em que nos sentimos frios e vazios, a ponto de adormecer com o corpo pesado, pendendo sobre nossas malas e apenas com a noite no lugar do telhado. Na mesma hora, num comentário que deixei sobre o post, eu comentei com a Deia que aquela bela imagem, se bem explorada, daria um bom ponto de partida para uma nova poesia.
No mesmo dia ela veio aqui para me fazer um pedido. Perguntou: “porque não escreve o poema que imaginou ao ler aquela frase lá no Rumo”? Então eu reli “A menina e a noite”. Parei de novo no ponto do texto que me sugeriu as imagens e comecei a escrever. Depois duma troca de e-mails com a Deia, eu enviei os versos acima, em primeira mão, para que ela “sentisse” a poesia. Sugeri que ela escolhesse uma imagem que casasse com a poesia e um título adequado, enfim algo da sua cabeça e que tivesse a ver com os sentimentos que a poesia despertasse nela.
Então ela escolheu essa foto fantástica que combina perfeitamente com as coisas que transitaram por minhas estranhas e escondidas avenidas quando concebi esse poema. E o título “Sonhos Amarrotados” é como uma roupa de festa cobrindo o meu poema com simplicidade e delicadeza.
Por último combinamos publicar em nossos respectivos blogs, de forma simultânea os meus versos, ao acompanhamento do título e da imagem escolhidos pela Deia. Um casamento perfeito para que vocês aproveitem e, depois, lá no Rumo à escrita ou aqui no Pelos caminhos dos plátanos deixem seus comentários."]
... enquanto a vontade de dizer alguma coisa for maior do que a necessidade de ficar em completo silêncio! Enquanto a esperança pulsar e os sonhos, de tão leves, ultrapassarem a altura das nuvens! [ DANIEL HIVER ]
As folhas do outono estão por toda parte. Os meus caminhos agora são outros. Ando sozinho por desertos e acompanhado por um tipo de solidão que me agarra e não me solta. O frio das tardes de chuva me deixa estranho, confuso e sem ninguém por perto. Mas continuo pelo caminho dos plátanos; com um leve sorriso no rosto e as demais reações desfiguradas pela força do silêncio, mas ainda intactas.
Foto de Paula Barros... Fantástico que tenhas te lembrado de mim por essas bandas mais ao sul do hemisfério, ao ver esta folha numa calçada de Buenos Aires. De repente o formato singular da folha de plátano, que raras vezes passa despercebido, é que marcou a esse ponto de alguém sensível como tu, se lembrar de mim ao dar de cara com uma. Tua lembrança e comentário me fez muito feliz. Salvei aqui no meu álbum e aqui no blog. Obrigado pelo carinho!
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DANIEL HIVER NO ESPAÇO ABERTO
Se desejar, poderá ler a entrevista concedida ao blog Espaço Aberto, dando um clique na imagem acima.
UM DEPOIMENTO DE UMA LEITORA ESPECIAL
No dia 30 de dezembro de 2010 no blog Dictum et Factuma Viii publicou a postagem "Desculpem..."Em meio ao texto ela escreveu o que segue a respeito do "Caminho dos Plátanos", que me sensibilizou e que eu sinceramente agradeço: "Na coluna do lado esquerdo do blog do Daniel Hiver, diz assim: “Escrevo para que as pessoas leiam e imaginem...” e como ele ‘brinca’ com nossa imaginação, rs! Digo sem hesitação que poucas pessoas me surpreendem tanto como ele, por sua intimidade com as palavras e pela tamanha sensibilidade. Não consigo fazer versos e confesso que alguns são demasiados entediantes de se ler, mas esse sentimento passa longe de mim quando ando por lá. E de todas as sensações, aquela que predomina é a de ver sentimentos – a maioria deles difíceis até de descrever – serem transformadas em palavras lá." Muito obrigado Viii pela citação espontânea em seu blog. De todo coração, vou guardar isso na memória como uma das coisas mais especiais dessa minha experiência de andar por aqui.
Escrevo para que as pessoas leiam e imaginem...
[ Daniel Hiver ]
MECANISMO DE COMBATE AO PLÁGIO
A poesia não é para ser lida; é para ser "sentida".
[ Daniel Hiver ]
A FOLHA NO MEIO DO CAMINHO
A folha seca caiu no asfalto e só um vento extraordinariamente forte poderá conduzi-la até o próximo outono.
Quando criei o blog coloquei aqui neste espaço um contador. Era possível ver o número de artigos e de comentários. Mas comecei a perceber que os números eram loucos. Mudavam de um jeito muito estranho. Então pensei. Para que eu quero um contador que muda os números aleatoriamente e não apresenta os números reais que deveria mostrar? Melhor é continuar publicando e sabendo que alguns de vocês gostam de ler.
POEMA-GADGET
Este é o contador do blog
onde o poeta conta
leitores que o amam
ou que o ignoram.
"POEMA-GADGET" veio parar aqui na barra lateral à esquerda dos textos principais do meu blog, por que numa cinzenta e chuvosa manhã de inverno o "poema-orelha" do Drumonnd entrou por meus olhos e me seduziu. Esta é a orelha do livro / por onde o poeta escuta / se dele falam mal / ou se o amam.
( POEMA-ORELHA - Carlos Drumonnd de Andrade, publicado na orelha do livro "A vida Passada a Limpo" de 1959 ).
TEMPO
"O tempo
é muito lento
para os que esperam.
Muito rápido
para os que têm medo.
Muito longo
para os que lamentam.
Muito curto
para os que festejam.
Mas, para os que amam,
o tempo é eterno."
- William Shakespeare
SEGUIDORES
Selo Beautiful Blogger Award
PRÊMIO DARDOS
O CLIPE FAVORITO
Eu tinha colado um link aqui para que, quem quisesse, pudesse assistir no Youtube ao vídeo "Bad Day" de Daniel Potter. Criativa sobreposição de imagens do dia-a-dia de um homem e uma mulher que um dia se encontram. Mas de repente removeram o link. Ainda assim se você quiser mesmo ver o vídeo, poderá procurá-lo no mesmo Youtube digitando as palavras "Bad Day - Daniel Potter".