sábado, 29 de agosto de 2009
MATILHA
estão por aí latindo...
E deve ser por isso
que eu, às vezes, só ouço os gritos da ganância...
As vozes da cobiça,
do oportunismo e do orgulho batem nos prédios...
As do ciúme e da inveja nos tédios...
E voltam ecos de um mundo cheio de submundos
em que os sonhos vão se esvaindo...
Um mundo cheio de imundos
em que as pessoas que deviam ser próximas
vão cada vez mais distanciando...
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
RECIDIVA
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
O CORAÇÃO QUE SOFRE E SUAS LÁGRIMAS GUARDADAS EM COFRE
Quando o coração chora;
chora mesmo e pra valer...
Chora fora de hora,
chora fora de área,
e agora...
Soluça lágrimas secas,
solitárias-secretas,
intrínsecas-ensimesmadas,
Por que desde a idade da pedra
ele tem estado numa página ímpar
enquanto seus olhos donos procuram um par.
São oito espessas camadas de concreto
aprisionando refratário coração
pelos cimentos, arames e ferros
da falta de emoção...
Seria eu aqui um Buendía
transformando as moedas dos meus sentimentos
em trabalhados peixinhos dourados de torpor?
Ou seria eu um novo "Giramundo Sabino"
que desaprendeu o amor?
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
UM HOMEM QUE SE ESCONDE NA CHUVA
Eu sou o homem que perdeu o nome.
O que toda segunda sai de casa para se esconder na chuva.
O homem que volta domingo para casa
carregando no bolso mais uma semana perdida...
Sinto um vazio esquisito no peito,
uma espécie de consciência aturdida!
Uma gaveta aberta nos pensamentos
e uma culpa muito grande autoatribuída...
Mas quando volto para casa
o primeiro grande susto é ver os móveis em outra posição.
Mas isso só é o bastante para eu me distrair por uns dez segundos...
No décimo primeiro eu já me livro das roupas suadas.
Enveredo o corpo pelo vapor de um banho morno demorado
e, quando acaba, vou atrás dos apitos irritantes do micro-ondas.
O estômago nas costas me faz ter a idéia de ressuscitar do gelo
a sobra de lasanha do jantar a dois que terminou em "bolo"...
Em poucos minutos devoro a porção na frente da televisão.
E, em menos de meia hora, estou entregue a um sono de sofá sem sonhos
que é interrompido pela música na hora do beijo do filme qualquer
que me acorda o corpo com o pescoço em ponto de torcicolo.
Seis da manhã vou esconder de novo o meu rosto na chuva...
Sair por aí para procurar o nome perdido...
Por que em semana de chuva intermitente
é muito mais fácil se manter anônimo na densidade do nevoeiro;
onde sobram mesquinhos e toda espécie de gente que "se acha".