quinta-feira, 20 de agosto de 2009

RECIDIVA

Nasci de um sono conturbado
de um coração alagado
e um sentimento que já não se segura mais!

Minha biografia tem páginas em branco
que coincidem com os dissabores
de uma época de silêncios mortais...

Fico triste que o mundo que eu tento pintar
tem escala de cores própria.

É ele lá na dele e eu aqui na minha!
Eu conteúdo e ele rótulo,
mas sempre uma embalagem entre nós...
Eu aterrissando enquanto ele decola...
Ele calando e eu gritando até ficar sem voz.

É quase como se a melhor das telas
fosse o pano da camisa preta que me deixa bonito,
mas que quando eu uso ninguém vê.

Sofro de imaginação galopante
que não cabe em si e nem aceita limites
mas que por vezes fica restrita
ao espaço e o tempo de um grito no travesseiro.

Por que eu saio de casa para sentir o vento.
E quando não estou batendo perna
é meu tempo de cravar os cotovelos
num muro de angústias...

Estranho que no sonho aquela mulher sem rosto
não tinha mesmo rosto
mas eu percebi em meio segundo
que era tragada por tristeza excessiva!

Eu acordei com um sorriso amarelo no rosto
por que agora quando eu rio é de nervoso
e toda simples recaída, no meu caso, é preocupante recidiva.

3 comentários:

  1. Porque será que me identifiquei tanto com estes versos?! Bem sei eu.
    Grande abraço.

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  2. Engraçado. A moça de cima (Elaine) falou da identificação com seus versos. Talvez seja esse o grande segredo, a maneira como você transforma em algo belo as angústias que andam sempre conosco. É lindo e principalmente verdadeiro!
    Adorei! Parabéns :)

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  3. Nossa, Daniel, que poema maravilhoso!
    vou lê-lo ainda umas vezes mais...

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Adorei a sua companhia no caminho dos plátanos. Volte quando quiser!