quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
A CONSTATAÇÃO DE UM INÚTIL ESTADO DE CONTENTAMENTO
estou triste
decepcionado de um jeito
que só mesmo eu entendo
não há culpa e culpados
só eu mesmo que teimo em ganhar
mas nunca venço a dor
teimo em me livrar dessas algemas
feitas sob medida para os meus pulsos
essas algemas que às vezes esticam
mas que jamais se rompem
estou triste sim
de um jeito que quem me vê
desconfia que sou outro
consternado e triste
por que talvez no fundo
não sei viver de outro jeito
por que comigo as coisas boas
são borboletas coloridas
que sempre voltam para o casulo
e definitivamente
não nasci para sorrir por muito tempo
por que o sorriso não combina com meu rosto
sempre passa correndo e não pára
estou triste assim
por que até meu sorriso chora
e sempre tem medo
por que as vezes vou dormir
e amanheço entusiasmado
olho para mim e até gosto
mas já outro dia não durmo
e a falta de sono é de angústia
a falta de espaço me abraça
e sinto vergonha
respiro e sufoco
por que comigo
as coisas que me alegram num segundo
em poucas semanas
perdem o prazo de validade
minhas esperanças são voláteis
meus céus subterrâneos
meus sonhos encurtam o braço
e nunca alcançam
então onde havia uma chance
a tristeza volta
impiedosa, implacável
como se um mau agouro
tivesse ventosas
impossíveis de arrancar do corpo
estou triste e ponto
por que meus quinze minutos
foram só três, quatro ou cinco
depois pararam no tempo
e a hora não mais vai fechar
então o muro que parecia ter caído
voltou a crescer
e eu fiquei do outro lado
no escuro
em silêncio
fiquei no lado que dá para o pântano
os pés na areia movediça
ou uma espécie de lodo
e eu sem saber como sair
enterrado até o pescoço
e triste a mais não poder
decepcionado de um jeito
que só mesmo eu entendo
não há culpa e culpados
só eu mesmo que teimo em ganhar
mas nunca venço a dor
teimo em me livrar dessas algemas
feitas sob medida para os meus pulsos
essas algemas que às vezes esticam
mas que jamais se rompem
estou triste sim
de um jeito que quem me vê
desconfia que sou outro
consternado e triste
por que talvez no fundo
não sei viver de outro jeito
por que comigo as coisas boas
são borboletas coloridas
que sempre voltam para o casulo
e definitivamente
não nasci para sorrir por muito tempo
por que o sorriso não combina com meu rosto
sempre passa correndo e não pára
estou triste assim
por que até meu sorriso chora
e sempre tem medo
por que as vezes vou dormir
e amanheço entusiasmado
olho para mim e até gosto
mas já outro dia não durmo
e a falta de sono é de angústia
a falta de espaço me abraça
e sinto vergonha
respiro e sufoco
por que comigo
as coisas que me alegram num segundo
em poucas semanas
perdem o prazo de validade
minhas esperanças são voláteis
meus céus subterrâneos
meus sonhos encurtam o braço
e nunca alcançam
então onde havia uma chance
a tristeza volta
impiedosa, implacável
como se um mau agouro
tivesse ventosas
impossíveis de arrancar do corpo
estou triste e ponto
por que meus quinze minutos
foram só três, quatro ou cinco
depois pararam no tempo
e a hora não mais vai fechar
então o muro que parecia ter caído
voltou a crescer
e eu fiquei do outro lado
no escuro
em silêncio
fiquei no lado que dá para o pântano
os pés na areia movediça
ou uma espécie de lodo
e eu sem saber como sair
enterrado até o pescoço
e triste a mais não poder
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Olá Daniel, estou aqui na torcida para que isso seja apenas um poema e não retrate seu real estado de espírito... Achei interessante a parte em que disse que o sorriso não combina com o rosto, bem da verdade é que eu também me sinto assim.. E (às vezes é difícil admitir isso), mas muitas vezes ficamos neste estado de espírito porque queremos; acabamos por nos habituar a eles, às vezes nos sentimos mais seguros como pobre coitados, como se felicidade fosse para poucos. Mas por mais difícil que seja sair dessas ondas de pensamentos, por mais viciante que seja manter-nos assim, é bacana exercitar a face, sorrir só para relaxar o rosto!
ResponderExcluirMe alegra.. Se o poema exprimir o que está sentindo mesmo, tente isso, não resolve, mas é um passo!
Beijos e bom restinho de semana.
Olá Daniel, estou aqui na torcida para que isso seja apenas um poema e não retrate seu real estado de espírito... Achei interessante a parte em que disse que o sorriso não combina com o rosto, bem da verdade é que eu também me sinto assim.. E (às vezes é difícil admitir isso), mas muitas vezes ficamos neste estado de espírito porque queremos; acabamos por nos habituar a eles, às vezes nos sentimos mais seguros como pobre coitados, como se felicidade fosse para poucos. Mas por mais difícil que seja sair dessas ondas de pensamentos, por mais viciante que seja manter-nos assim, é bacana exercitar a face, sorrir só para relaxar o rosto!
ResponderExcluirMe alegra.. Se o poema exprimir o que está sentindo mesmo, tente isso, não resolve, mas é um passo!
Beijos e bom restinho de semana.
Nenhum estado de contentamento é inútil. Mesmo que fugaz, mesmo que infantil. Ainda que falso - no que se refere a se descobrir mais tarde que "não era bem assim".
ResponderExcluirE vc sabe sim o que fazer. Pretensão minha? Talvez, afinal, não o conheço. Mas esse lado paralisante-terrível eu conheço. Dele eu sei. Logo...
Daniel!
ResponderExcluirLendo seu poema em muito com ele me identifiquei.Há momentos em que estou definitivamente feliz e tenho ímpetos de abraçar o mundo, quando a alegria transborda e me ocupa por completo. Já em outro momento "estou triste decepcionado de um jeito que só mesmo eu entendo". Mas são momentos que vêm e que vão. No entanto, é preciso destruir o muro e a sombra que faz. Ele não pode ser constante.
Abraço e obrigada pelo presente. Adorei!
Interessante quando nos sentimos assim, tristes e deslocados do nosso espaço, ninguém nos entende..parece que esperamos apenas uma palavra, um gesto, algo que nos faça romper essa barreira! Mais as vezes não enxergamos as coisas boas que estão ao nosso lado e deixamos nos levar por essa tristeza, mais vamos sorrir que o ano está apenas começando, não é?
ResponderExcluirUm beijo Daniel!
E há quem diga que a tristeza não é dor...
ResponderExcluirUm belo poema, amigo.
Beijos.
Vai passar.
ResponderExcluir=**
ℓυηα
Daniel...com certeza isso é um estado passageiro,nãoque elenão volte...as vezes volta sim, permenece, dá voltas dentro da gente...
ResponderExcluirAí depois se vai...não mais que de repente ou não...
Elas são assim, a felicidade e a tristeza vão trocando de lugar dentro da gente, cúmplices de nossos mais íntimos momentos...
Você soube colocar isso com suas palavras, de forma Hiverniana...rsrs
Um abraço na alma...
Consigo vislumbrar heras de coragem a enfeitar tal muro - que - se de morte e tristeza só fosse, não haveria nada vivo a engendrar-se nele.
ResponderExcluirArestas.
Arestas brechas vivas, há sim.
A tristeza, rainha do poema, passou a coroa para as palavras.
ResponderExcluirO poema é tão pungente de tristeza que, acostumada a ler sempre vendo ficção em tudo, inclusive na poesia (a ficção do sentimento), espero que vc seja como Fernando Pessoa, um fingidor.
Daniel,
ResponderExcluirOxalá esses versos sejam somente frutos da sua imaginação, embora eu saiba que há dias em que realmente estamos inabitáveis.
Beijo,
Inês
Oi, Daniel. Encontrei teu repouso através das águas do tão amável Dois Rios.
ResponderExcluirHoje estou me sentindo franzino, vulnerável. Triste mesmo. Saudoso do que poderia ter sido e não foi...
O melhor é tentar aquietar-me o espírito.
...
Tenha uma ótima semana.
Paz.
Nossa...doeu fundo! Não posso dizer mais nada....
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