terça-feira, 9 de fevereiro de 2010
VALES, ANOTAÇÕES E INCERTEZAS
o silêncio é ensurdecedor
o calor é suor
o meu silêncio ofende
penetra pela fenda do vale
e de que vale
olhar a vida
com certo ar metido de discernidor
se notar o que poucos notam
é aterrador
se notar a verdade
que interessa pouca gente
praticamente
não vale um vale-transporte
não vale um vale-refeição
um grampo, nem um vale-gás
no fim eu é que pago o vale
e tudo pra mim é caro
sempre rasgo a nota amarela de vinte
sempre anoto idéias num guardanapo
sempre gravo idéias no celular
e quando termino ninguém nota
o que eu ando anotando
sobra passagem de ida
para uma espécie de exílio
forçado
entro como fugitivo
ou bandido temido
ninguém mora ao lado
no fundo eu sei
que brincar de se calar
é ensurdecedor
por que o silêncio
às vezes
é blasfemador
ultrapassa os 40 graus
o calor abrasa
o grito esvazia
o gelo da imperfeição derrete
e a cegueira que me acomete
e me impede de tocar
é como o tato que se repete
e me impede de ver
eu ouço gostos
grito cheiros
e dentro da minha imprevisível
previsão do tempo
eu posso chover
o calor é suor
o meu silêncio ofende
penetra pela fenda do vale
e de que vale
olhar a vida
com certo ar metido de discernidor
se notar o que poucos notam
é aterrador
se notar a verdade
que interessa pouca gente
praticamente
não vale um vale-transporte
não vale um vale-refeição
um grampo, nem um vale-gás
no fim eu é que pago o vale
e tudo pra mim é caro
sempre rasgo a nota amarela de vinte
sempre anoto idéias num guardanapo
sempre gravo idéias no celular
e quando termino ninguém nota
o que eu ando anotando
sobra passagem de ida
para uma espécie de exílio
forçado
entro como fugitivo
ou bandido temido
ninguém mora ao lado
no fundo eu sei
que brincar de se calar
é ensurdecedor
por que o silêncio
às vezes
é blasfemador
ultrapassa os 40 graus
o calor abrasa
o grito esvazia
o gelo da imperfeição derrete
e a cegueira que me acomete
e me impede de tocar
é como o tato que se repete
e me impede de ver
eu ouço gostos
grito cheiros
e dentro da minha imprevisível
previsão do tempo
eu posso chover
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Daniel, gosto do seu jogo de palavras nos poemas, feito esse do vale.
ResponderExcluirGosto da forma inteligente e criativa de escrever, trazendo sentimentos e pensamentos, com o clima, com a temperatura.
Seu poema me passou um desabafo, uma angústia, uma inquietação.
São trechos assim que me deixa parada apreciando sua escrita:
"eu ouço gostos
grito cheiros"
Gosto de ler você. beijo
Lindo!
ResponderExcluirMe encanta as expressões da alma,inspiradas e exteriorizadas no ar...
Lindo dia pra ti!
Tem presente pra ti no meu cantinho(Palavras em vão)
ResponderExcluirBeijos no teu coração!
Anotações e incertezas que levam a criar uma linda poesia - entre vales e silêncios... e calor.
ResponderExcluirAbraço, Daniel!
Enquanto isso, aqui ainda faz muito frio.
Sabe, Daniel, eu gosto de muita coisa que tu escreves e gosto mais ainda de sentir o que tu expressas, mas neste poema foi diferente:
ResponderExcluirele me levou até a fronteira do suportável ou aos registros de um dia massacrante de calor, silêncio e grito. Um encadeamento de humores e o desdobramento de sentires.
A partir de uma paisagem - um vale - entraram o valor das coisas e o papel - que é um vale - alguma coisa qualquer...
O vale deflagra e a partir daí, foi como tocar no primeiro dominó e no efeito em cadeia dominós, formaram um desenho belíssimo que resultou neste poema. Uma cadeia de vales e o teu registro poético. Fantástico!
Pode nem ser nada disto mas o efeito deste teu poema em mim, foi dos melhores que já li aqui.
Para mim falaste na 'sobrevivência' e sua arte.
Um abraço e um carinho.
E preciso dizer que me sentí imensamente honrada por ter sido agraciada com sua indicação.
Já copiei o selinho. Eu demoro a por no blog, mas estará no slide, tão logo eu consiga.
Muito, muito grata e parabéns pelo selo que recebeu e pelo poema, alento em um dia massacrante.
Caro, já choveu em letras e em beleza!
ResponderExcluirNão te aflijas com o que certamente não vai te matar.
És sobrevivente e dos melhores!
Daniel, tua postura em relação a geografias e etc é corretíssima e fez com que eu lembrasse de John Lennon em "Imagine".
ResponderExcluirSei que coisas que alguém decide na China me afeta , sei que somos a humanidade mas não é assim para o sistema.
Então, que os latinos tenham mais união entre si.
Vizinhos.
Grata pela riqueza do teu comentário.
Gosto cada vez mais dos teus poemas, Daniel. Este é de uma intensidade absurda. E este final, redime: "posso chover". Magnífico.
ResponderExcluirFiquei super, super feliz com a indicação do meu blog. Agradeço de coração. :) Beijoos.
Oi Daniel...gostei da forma como rasgou as impressões...
ResponderExcluirBrincar de calar agride os tímpanos,fere as vezes a alma...ensurdece o coração e ainda faz chover dentro do seu imprevisível...
Anotar idéias num guardanapo...já fiz isso também..rsrs
Um abraço na alma
Daniel gostei muito das suas palavras.
ResponderExcluirSão carregadas de sentimentos.
abraços e um otimo feriado.
Deixa chover
ResponderExcluirAh! Ah! Aaaaaaah!
Deixa a chuva molhar
Dentro do peito
Tem um fogo ardendo
Que nunca vai se apagar... ;-)
mas há momentos em que somente o silêncio nos faz ouvir algo.
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