sexta-feira, 16 de outubro de 2009

A VOZ DO SILÊNCIO

A minha voz quando sai
sai do fundo...
Por que no meu mundo
os fonemas têm um caso de amor com o silêncio!

Por que o que eu sou
para mim mesmo é segredo...
E posso alternar uma pose de valente
com uma reação de típico medo...

A dor do meu poema dói
por que sou inquieto...
E por que de nada adianta ter sonhos lindos
que nunca passam do teto...

Por que meu reflexo no espelho
é o de um cara complicado...
Muito embora, de fora,
eu pareça decifrado...

Por que eu sou eu todas às vezes,
mas quem não me vê há meses
pode se confundir...

Por que meus pensamentos ficam
quando deviam ser exorcizados...
E sou esquecidiço
quando devia agir como o planejado...

Por que passo dias sem ser visto
e me escondo no fundo do mundo;
e experimento o ponto de vista
da última fileira...
E é de lá que eu espero que percebam
que sou eu cavando trincheiras
para me proteger...

E é de lá que eu quero que me ouçam
sem que me ouçam gritar...
Pois quando eu estiver em silêncio;
os demais silêncios devem se calar...

23 comentários:

  1. "Pois quando eu estiver em silêncio;
    os demais silêncios devem se calar..."
    Há uma hora em que finalmente pensamos que também temos o nosso lugar no universo e ninguém terá dado conta... e no entanto pensamos: afinal, como haveriam ter dado conta de mim, se tão brando passo pela existência, me resguardando para que apenas me vejam a face... e não a alma??

    Mas aqui... aqui nas tuas palavras... é a alma que se dá!

    ResponderExcluir
  2. A minha voz quando sai
    sai do fundo...

    A minha sai do fundo da alma também...rsrs, conhece a música "Sangrando" do Gonzaguinha?



    Quando eu soltar a minha voz
    Por favor entenda
    Que palavra por palavra
    Eis aqui uma pessoa se entregando

    Coração na boca
    Peito aberto
    Vou sangrando
    São as lutas dessa nossa vida
    Que eu estou cantando

    Bonito demais, emociono sempre que a escuto e ao te ler lembrei dela. Muito bonio o seu poema amigo, parece até que foi feito por encomenda para mim...rsrs...ainda esperando por aquele poema hein! rsrs...um abração na alma...

    ResponderExcluir
  3. Daniel!...

    O que dizer deste poema cheio de dor e silêncios?!...
    Tu é tu mesmo, mesmo no reflexo do espelho que possa com teus olhos ver ao contrário!
    Não te proteja tanto e quebre o silêncio... Faz bem para a alma gritar ao mundo, para que os outros silêncios se calem.

    Beijo com saudade!...Mesmo do teu silêncio!

    ResponderExcluir
  4. Um silêncio inquieto que quando fala, fala muito.

    Abraços, amigo.

    ResponderExcluir
  5. Daniel, bom dia.

    E as palavras vão vindo da alma, e repuxando o muito de nós/nós.

    E nesse turbilhão de palavra-gente, vamos caminhando na vida, as vezes trôpego, as vezes lúcido, mas caminhando.

    E para algumas pessoas é no silêncio que as muitas vozes que nos compoem falam conosco.

    abraços com carinho

    ResponderExcluir
  6. Voltei!!!

    Relendo. Ler um poema assim no blog é preciso ir e vir. Mesmo que não diga muitas vezes que voltei.

    "os fonemas têm um caso de amor com o silêncio"

    Desde a primeira leitura achei linda essa frase, mas tem muitas outras fortes e lindas.

    E nesse silêncio que nos fazemos ouvir elas dão criam maravilhosa.

    abraços

    ResponderExcluir
  7. Ah, adorei esse poema! Adorei MESMO.

    Qualquer hora dessas, posso transcrever no Poesia do Dia do Papo Calcinha? Acho que minhas leitoras vão gostar.
    Conseguiu ver o filme? =]

    ResponderExcluir
  8. Compartilho com você algo que ouvi e me tocou muito...

    "Nesse momento há 6 bilhões, 470 milhões, 818 mil, 671 pessoas no mundo
    algumas estão fugindo assustadas.
    algumas estão voltando pra casa.
    algumas dizem mentiras pra suportar o dia.
    outras estão somente agora enfrentando a verdade.
    alguns são maus indo contra o bem.
    e alguns são bons lutando contra o mal.
    seis bilhões de pessoas no mundo,
    seis bilhões de almas...
    e ás vezes tudo que nós precisamos é apenas uma!"

    Não deixe que o silêncio cale a sua voz...muitos precisam dela!

    Um abraço carinhoso

    ResponderExcluir
  9. ...pois quando estou em silencio os demais silencios devem se calar...

    menino vc. consegue cada construção que me tira o folego de emoção...belissimo, bem no superlativo mesmo.

    Lindo voce, um beijo de nuances lilases.

    [estou sentindo tua falta esse silencio está muito silencioso, e eu não sei fazer silencio, aparece]

    ResponderExcluir
  10. ... aí!aí!...suspiros...e risos...rssss...o que vou dizer, hummm...rsssss. Ficou Lindo e vc. é um Lindo das palavras rápidas e Lindas,
    Vou postar lá...

    Obrigada!

    beijos lilases!

    [demora a aparecer mas quando chega, chega chegando, uauuuuu!!!]

    ResponderExcluir
  11. Silencios que falam e fazem calar de tanto que eles contem em si.

    .........................
    Comentando o comentário
    Daniel
    Causar impacto para que não é?
    Agente tem q SER
    o resto...tem o nome e a densidade que a palavra bem o diz :
    r e s t o

    Bom ter vc aqui
    beijo
    De

    ResponderExcluir
  12. Muito lindo seu poema, adorei.

    Mas não acho que os nomes sejam parecidos. As Folhas de Outono caem em qualquer lugar. Só precisa ser outono pra isso acontecer.
    E não há modos de detê-las.

    ResponderExcluir
  13. Hummm gostei daqui, Daniel!

    Gostei do poema.

    bjos

    ResponderExcluir
  14. Daniel, que poema. Me fez lembrara Sá e Guarabira, nas Cançãoes que eu faço:

    "Porque é que eu me guardo do mundo assim escondido
    É coisa que só pode explicar quem vive o que eu vivo
    E sinta a solidão, que eu tenho quando canto uma
    canção bem alto
    A solidão que eu tenho quando abro o coração e canto".

    Esta primeira estrofe é um brilhante.

    beijo

    ResponderExcluir
  15. Oi Daniel,

    Passo por aqui para ler a sua poesia e te deixar um grande beijo. Neste mundo tão cheio de ruidos exteriores, é na voz do silêncio que nos reconhecemos e nos identificamos! Bjs

    Angela

    ResponderExcluir
  16. Oi. Muito obrigada pela visita ao blog morena de pintas. Gostei muito da resenha do Budapeste e também dos teus escritos no blog. Voltarei mais vezes. Legal saber que tbem és de Porto Alegre. um abraço

    ResponderExcluir
  17. Tu sabes quando sinto saudades eu sempre volto e leio e releio e sobre o teu silêncio direi, ele explode insanamente. Porque quando sai, a tua voz sai como um grito, um brado que estranhamente soa alto e delicado porque é grito de quem ama. Verdadeira e simples assim, ama e grita o silêncio.

    Beijos, amigo,
    saudades de ti.

    ResponderExcluir
  18. Tu desenhas sentimentos nos versos que te traduzem.
    O meu silêncio gosta de te escutar. As vezes o mundo faz tanto barulho, melhor um canto de sabiá...
    Abraço no poeta cada vez melhor

    ps: o tempo é a única borracha capaz de "retocar" os momentos...

    ResponderExcluir
  19. O Silêncio... Uma das formas mais fortes de linguagem.

    ResponderExcluir
  20. ...adoro o silêncio.

    e dele que ouço as maiores
    verdades.

    beijos

    ResponderExcluir
  21. "Que a morte de tudo em que acredito
    Não me tape os ouvidos e a boca
    Porque metade de mim é o que eu grito
    Mas a outra metade é silêncio"...

    Tenha uma semana perfeitinha.
    Suh ;)

    ResponderExcluir
  22. Que lindo meu Deus! Calou-me fundo seu poema... Todos os sentimentos me são muito familiares... Abços!

    ResponderExcluir

Adorei a sua companhia no caminho dos plátanos. Volte quando quiser!