sábado, 4 de outubro de 2008

ELE ERA O CARA!

Muito esperto. Comunicativo. Animado. Todos sempre queriam jogar bola com ele, jantar com ele, ir ao cinema com ele, gritar gol ou xingar o juiz junto com ele. Até ficar sem fazer nada, desde que fosse “fazer nada” junto com ele. Era desses que toda mãe queria para genro. E que toda filha da mãe queria ficar, namorar ou mesmo casar. Tinha uns olhos azuis de parar o trânsito e, como se isso tudo fosse muito pouco, ainda mandava flores para as namoradas.

Nem precisa dizer. Mas a mulherada ficava louca com ele. Uma querendo agradar. A outra querendo chamar a atenção. Uma jogando um charme danado. A outra largando uma piadinha. Era sempre assim. Ele sempre tinha flores para mandar para a sua escolhida. E seu celular tocava tanto que chegava a irritar.

Mas num dia infeliz, o carro do amigo de infância com quem ele foi para a balada bateu de frente numa árvore. Uma figueira centenária. O carro vinha a uma velocidade bem razoável. A árvore ficou intacta. O carro amassou. Bem daquele jeito que o poeta faz com o papel quando a primeira frase não nasce de parto normal.

Não foi só isso. O amigo morreu. Ele teve diversas fraturas e perdeu um dos inconfundíveis olhos azuis. Depois de meses de molho e algumas cirurgias ele voltou a trabalhar. Meio traumatizado, assustado e com pouco amor próprio.

Passou a ser visto na rua e nos lugares só de óculos escuros. Veio a depressão. E com a depressão a perda do carisma; do romantismo e de muitas outras coisas mais. Nem parecia mais o mesmo. Deixou de ser o cara!

Nunca mais ficou em evidência e se transformou numa pessoa amarga, desinteressante e solitária. No fim ninguém se importava muito com o que aconteceu. Ao natural todos se afastaram. As mulheres sumiram. E a única coisa boa é que ele passou a economizar muito dinheiro por que não havia mais ninguém para mandar flores.

Moral da História:

Os relacionamentos entre as pessoas andam tão artificiais que, se a gente deixa de dar para ou outros o que eles esperam receber, eles simplesmente se afastam.

Se não podemos mais dar o que elas querem então nós não servimos para nada. Nos transformamos em objetos inúteis jogados numa caixa de arquivo morto ou um porão empoeirado. Somos esquecidos, desprezados e totalmente desrespeitados. E tanto faz, tanto fez. Ninguém nem nota que sempre estamos de óculos de sol.

E é nessa hora em que deixamos de ser o cara para os outros por que não temos mais nada para dar para eles que nos entristecemos de chegar à conclusão que, muitas vezes, as pessoas não estão com a gente pelo que nós somos, mas sim pelo que nós temos.

É assim que funciona! É assim que não deveria ser a vida. Mas é assim que ela é!

2 comentários:

  1. Oi poeta! Adoro seus comentários, obrigada viu? E VOLTE SEMPRE!
    Quanto ao texto... prefiro acreditar que os "amigos" não eram tão amigos assim...
    Bjs iluminados e baianos!

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Adorei a sua companhia no caminho dos plátanos. Volte quando quiser!