quinta-feira, 22 de julho de 2010

SILÊNCIOS E GRITOS

a película fina

que separa o silêncio do grito

é de vidro  

 

há um espelho embaçado

no vapor do banheiro

que mostra e esconde

a imensidão do nada

 

entre o que eu digo

e o que me cala

passa um rio de riso

outro de espanto

 

e o que eu tenho pra dizer

não sei se escrevo ou canto

 

se o que sinto é só meu

e combina com poesia

ou se é para sair alardeando

quase uma gritaria

 

por que esse rio de riso

chega sem fazer alarido

e o outro cheio de espanto

consegue dizer ou calar

o que eu não consigo

6 comentários:

  1. Gosto muito da imagem do rio de riso e outro de espanto. Esse rio de espanto me intriga, como se fosse depositário de todos os segredos, hora fala,hora cala.

    o espelho embaçado e a imensidão do nada chamaram a minha atenção...

    beijo

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  2. Entre rios e silêncios, vamos descendo essa corredeira de sentimentos com você! Um beijo, lindo poema! Deia.

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  3. O que vc sente é só seu mas, tansformado em poesia, é nosso.

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  4. Olá...
    Sei que já tem uma nova postagem,mas preferi comentar este poema ...que me vem como guia na resposta a lhe dar...sobre o que tenho feito da vida...
    "entre o que eu digo

    e o que me cala

    passa um rio de riso

    outro de espanto"

    Acho que mais a vida tem me feito...(re)feito desérticas e interiores paisagens, brotando em mim olhares,sensações que uma hora dessas me façam assoprar a poeira que deixei em meu blog. Afinal,deve ter reparado que nunca mais escrevi...
    Mas quem sabe,dia desses,em um desses de espanto,e riso, e surpresa de contemplação,eu possa arranjar umas estrelas assim,em palavras...que completem o deserto em mim.

    Obrigada pelo comentário. E pelo contato.
    Já não se fazem mais visitantes como antigamente...rsrs.
    Parabéns por suas palavras, gosto muito.

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  5. Oi, Daniel.
    Gostei muito do poema, senti o poema, vibro na mesma nota. Tem muito a ver com coisas que tenho escrito ulimamente, você deve ter notado.
    Aliás, obrigado pela visita ao meu blog. Volte sempre, siga, vai? Dá um ibopezinho? (rs...)
    Aqui sigo lendo e já sou seguidor.
    Grande abraço,

    Ivan Bueno
    blog: Empirismo Vernacular
    www.eng-ivanbueno.blogspot.com

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  6. Assusta a tradução do que sentimos sendo feita por alguém que não conhecemos. O sentimento pode ser nosso, mas a poesia é só sua. E é linda, linda...
    P.S.: quando eu ia enviar, li o comentário da Gerana, oposto ao meu! Muito interessante...

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Adorei a sua companhia no caminho dos plátanos. Volte quando quiser!