quinta-feira, 23 de julho de 2009

MASSA DE AR POLAR

O vento sul traz ar polar

que chega uivando

perguntando onde estão

os casacos pretos de lã.


Nas TVs e nas rádios

as moças do tempo

são as estrelas.

No auge do inverno

todos folgam ao vê-las.


Nos quartos

as luvas e os cachecóis saem das gavetas.


Nas cidades

os nevoeiros densos escondem paisagens.


E o que não daríamos

para esquentar as pernas

com um cobertor xadrez

perto de uma lareira

e bem acompanhado?


Por que ter de andar sozinho

pelas tardes congelantes

só se compara a frieza da mulher que hoje beija

mas que amanhã vira o rosto...

Por que de uma hora para a outra

o auge da paixão vira agosto...


Por que o oceano se transforma numa gota...

E a paixão é um risco

no vapor da respiração junto ao vidro.

Pode-se até escrever um "eu te amo"

mas a frase forte some em segundos

e quem tinha que ler nem vê.


Então o frio encorpa e faz estragos no corpo!


Um frio muito mais frio do que

dormir sozinho acompanhado!

Por que estar sozinho com alguém do lado

é quase tão triste quanto se sentir infeliz

e como ter de sorrir sem ter motivo pra rir...

9 comentários:

  1. Daniel...
    As vezes com medo de errar acabamos evitando situações
    e com medo de ir pelo pior lado queremos não ter que decidir, e fugimos disso
    Mas chega um momento que já não são escolhas, é o que a vida nos impõe
    Não há escolha, senão aceitar, e em vez de deixar acontecer,
    podemos lembrar que poderia ter sido diferente, e fazer o máximo para que seja diferente
    Talvez seja a última chance, talvez seja só mais uma
    O desconhecido nos enlouquece ao mesmo tempo que nos deixa curiosos...
    Esse desejo de descobrir a vida, de decifrar momentos e pessoas
    Esses sentimentos sem nome que nos levam a lugares diferentes
    E as vezes percebemos que estamos onde queríamos ir, só não sabíamos, ou não conseguíamos entender
    Em momentos saímos do rumo, mas o importante é que chegamos, e tudo que queremos é continuar e estar alí pra sempre
    Não que isso seja garantia de felicidade eterna, mas isso tráz uma segurança que não sentimos em nenhum outro lugar
    Ter alguém pra abraçar quando o mundo te faz sentir com frio.

    Beijo

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  2. tão triste quando janeiro da paixão vira agosto da desilusão____arrepio de frio da solidão____indiferença

    sentimentos expostos na poesia, lindo amigopoeta, lindo.

    beijos de bom dia

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  3. Belo poema, Daniel, embora tão triste. Angustiante, eu diria. Achei incrível a imagem da primeira estrofe: "Vento que chega uivando perguntando onde estão os casacos preto de lã". Muito bom.
    beijo.

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  4. "Por que estar sozinho com alguém do lado
    É quase tão triste quanto se sentir infeliz"

    É realmente triste "solidão a dois", mas sabemos que há quem prefira. Eu não. Não sei de onde vem esse medo de estar sozinho, essa invenção de que só é possível ser feliz acompanhado...
    Claro que companhia é bom, romance é bom, mas acho loucura sentir-se impossibilitado para as coisas por falta de alguém do lado.
    Daniel, este poema me fez sentir saudades não desses melancólicos dias nublados de inverno, mas daqueles dias (meus preferidos) de vento gelado e céu azul - dias que me fazem sentir uma felicidade sem tamanho.

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  5. Oi Daniel...
    Pode ir em frente sim... Adorei o começo de alguma coisa que já é linda!..
    Da próxima vez que estiver aqui quero me surpreender mais uma vez...

    Um ABRAÇO!!!

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  6. Essa tua 'massa polar lembrou-me umaletra que gosto muito:
    "Solidão é lava que cobre tudo...Solidão palavra cravada no coração..."

    Corações invernais, massa polar nos corações.
    Quando aquecer, como aquecer para que não sintamos ofrio que corta os ossos?
    Belo e real.

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  7. Triste e gelado poema!
    Como inverno acompanhado
    em pleno verão.

    Beijos Poeta!

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  8. Um ar de desencanto pousou em seu coração...
    Mas em breve a brisa trará uma onda de calor e ela irá alimentar seus pensamentos...fazendo tudo se iluminar!

    Um beijo carinhoso

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  9. Oi gaúcho!

    Este teu frio, me remete a minha adolescência, quando ansiava encontrar o amor maior, e parecia que ele escapava, entre uma paixão e outra. na maturidade encontrei esse amor, mas logo acabou e no meu hoje aprendi a perceber que o amor maior está dentro de nós mesmos e o amor pela vida!

    Beijos gaúchos e não frios, mesmo com este inverno que nos assola!

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Adorei a sua companhia no caminho dos plátanos. Volte quando quiser!